Pandemia de coronavírus — As vidas dos trabalhadores valem mais que os lucros das grandes empresas


A diretoria colegiada do Sepe Lagos — Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, Núcleo Lagos — repudia energicamente o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na noite de ontem (24 de março). Ele mentiu de maneira irresponsável e criminosa sobre a gravidade da pandemia e defendeu medidas como a reabertura das escolas e o retorno à rotina comum no comércio e nos transportes públicos, contrariando orientações de pesquisadores das mais renomadas universidades de todo o mundo, além da Organização Mundial de Saúde (OMS) e até mesmo do próprio Ministério da Saúde do Brasil.

A postura anticientífica e negacionista de Bolsonaro não é uma novidade, mas é a forma de atuar do governo em muitos outros temas. Neste contexto da pandemia do coronavírus, o negacionismo contribui criminosamente para que a população ignore as medidas de prevenção necessárias, como os cuidados redobrados com a higiene e o isolamento social. Junto à isso, o presidente também atua no plano econômico de maneira a condenar à morte a parcela mais vulnerável da classe trabalhadora: aquela que é pobre, majoritariamente negra, que vive nas periferias das cidades e trabalha em condições precárias e informais. Condenar à morte, seja por contaminação com o Covid-19, seja por privação de direitos básicos, como ter acesso à alimentação, à água potável, à testes que permitam diagnosticar os possíveis portadores da doença.

Manter a suspensão das aulas é uma questão de sobrevivência


Ao defender a reabertura das escolas e demais instituições de ensino, Bolsonaro vai na contramão das medidas de prevenção adotadas por 157 países ao redor do mundo. Apesar de as crianças e adolescentes não comporem o grupo de risco da Covid-19, elas são importantes transmissores da doença que sequer podem ser identificados, pois normalmente não apresentam sintomas. Quando transitam das escolas para suas casas, aumentam o risco de infecção dos professores e funcionários, muitos deles inseridos nos grupos de risco, e também potencializam as chances de que seus pais e avós sejam contagiados.

Há um consenso na comunidade científica que a melhor forma de enfrentar o coronavírus hoje é pelo isolamento social. Mas é preciso criar formas para que as pessoas consigam colocar em prática esse isolamento, sem que haja o comprometimento de outras necessidades básicas de sobrevivência. Mas não é isso o que defende os negacionistas à frente do Governo Federal.

Para Bolsonaro, “salvar a economia” é sinônimo de, em qualquer situação, garantir altíssimas taxas de lucros a um restrito grupo de grandes empresários, muitos deles financiadores de sua campanha eleitoral. Para isso, o presidente está disposto a tudo: desde instaurar uma nova ditadura militar e suspender todos os direitos democráticos conquistados pelo povo brasileiro nas últimas décadas — como defendeu junto ao seu cada vez mais reduzido grupo de apoiadores nas manifestações fascistas do último dia 15 de março — até mesmo dizimar milhares de vidas ao subestimar as eminentes consequências da pandemia mundial da Covid-19.

Só se combate o coronavírus enfrentando a política econômica do governo


A direção do Sepe Lagos alerta que a única forma de “salvar a economia” é colocando-a à serviço da preservação das vidas da classe trabalhadora, que é a classe que tudo produz e que, por isso, move a sociedade através do seu trabalho. "Salvar a economia" não é salvar os lucros dos patrões, mas garantir a produção e reprodução da vida em sociedade de maneira que todos tenhamos acesso às condições necessárias para nossa sobrevivência.

Nesta pandemia isso só será possível se formos capazes de romper com as velhas concepções ultraliberais que norteiam a política econômica do governo Bolsonaro. Neste momento, está mais do que claro que é garantir a manutenção dos salários, prover licenças remuneradas, dar subsídios aos pequenos empresários, suspender as tarifas públicas de serviços de estrutura (como água, luz e gás) e até mesmo políticas que geram uma contradição direta com a ordem capitalista, como a proibição de demissões e tornar públicas as empresas estratégicas para o enfrentamento da pandemia, como laboratórios, hospitais e fábricas, e também daquelas empresas que se negam a manter os postos de trabalho dos seus empregados devido a redução das taxas de lucros.

Tudo isso só será possível com a suspensão do pagamento da dívida pública aos credores internacionais e a imediata revogação Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos (E.C. Nº 95/2017), que alterou a Constituição brasileira de 1988 para aprofundar a situação de subfinanciamento da saúde e da educação públicas.

Não é hora de defender as empresas e o grande capital. A hora é de defender a vida! Ou seja, defender a classe trabalhadora, sobretudo os setores mais vulneráveis. Aqueles que têm a informalidade do trabalho como única opção de sobrevivência, que precisam receber um auxílio dos governos para garantir seu sustento nesse momento de crise. Trabalhadores informais, precarizados, servidores públicos, da saúde, da educação... Somos todos uma só classe trabalhadora!

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