Sepe Lagos realizou primeira plenária online da rede estadual na quarentena; em breve as próximas serão convocadas

 
Na última segunda-feira, 18 de maio, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, Núcleo Lagos (Sepe Lagos) realizou a primeira plenária virtual de trabalhadores da rede estadual de ensino no contexto do isolamento social preventivo. A plenária contou com a participação de trabalhadores que atuam em colégios de Armação dos Búzios e de Cabo Frio.

Os participantes relataram aos diretores do Sepe Lagos como está sendo o cotidiano dos profissionais da educação do Estado em meio à pandemia. Todos opinaram que há uma cobrança abusiva da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC-RJ), inclusive com práticas flagrantes de assédio moral contra os trabalhadores, exigindo a adaptação imediata à plataforma Google Classroom. No entanto, as cobranças não vêm acompanhadas de qualquer contrapartida do governo no sentido de viabilizar a utilização dessa tecnologia pelos profissionais e as comunidades escolares.

Alguns dos principais problemas relatados para a viabilização das atividades por meio da plataforma foram a falta de acesso à dispositivos digitais de ponta e também à conexão banda larga de qualidade, tanto por parte das comunidades escolares como pelos próprios profissionais da educação em isolamento. Segundo os professores que participaram da plenária o índice de acesso às atividades virtuais pelos discentes tem sido baixíssimo.

Os trabalhadores avaliaram que é totalmente descabido que o Estado exija o uso de recursos tecnológicos e planos de dados pessoais dos profissionais da categoria e também dos alunos, sem oferecer qualquer subsídio. O Estado tem ignorado os custos disso tanto para os professores como para as famílias dos estudantes.

Numa mostra evidente destas limitações, durante a plenária online do Sepe Lagos, em diversos momentos os participantes tiveram queda da conexão à internet, o que impossibilitou uma participação contínua dos trabalhadores na reunião.

Houve também a avaliação comum de que a imposição do EAD pelo governo Witzel é um passo perigoso rumo à privatização do ensino público e ao completo desmantelamento dos direitos conquistados pelos trabalhadores da educação em décadas de lutas.

Os trabalhadores relataram que na região algumas escolas tem organizado iniciativas de apoio à comunidade escolar, encontrando algumas saídas para atender as famílias mais vulneráveis à pandemia de Covid-19. No CIEP 458 – Hermes Barcelos, no bairro Jardim Esperança, em Cabo Frio, foi desenvolvido o projeto “Jardim Esperança Solidário: unindo forças contra a pandemia”, que ao invés de seguir com uma lógica meramente conteudista para trabalhar os conteúdos do ano letivo, nessa conjuntura, propõe uma construção coletiva onde os alunos e alunas possam diante das suas realidades pensar em possíveis soluções. Em Búzios, no Colégio Estadual João de Oliveira Botas, foi realizada uma eleição provisória de representantes de escola que têm realizado reuniões com os alunos no sentido de acompanhar como eles e suas famílias estão lidando com o isolamento social e com as dificuldades financeiras impostas pela pandemia.

Confira abaixo as principais sugestões apontadas pelos profissionais que participaram da plenária online:

• Próxima plenária será realizada no dia 26 de maio de 2020, terça-feira, às 17h, por meio do aplicativo Jitsi;

• Manutenção e ampliação da campanha contra demissões dos profissionais da educação nos municípios;

• Acompanhar e exigir a implementação de programa de renda básica e cesta básica para os estudantes, visto que a alimentação escolar é de caráter de subsistência para muitos deles;

• Exigir que o governo apresente os dados detalhados da participação dos alunos e professores;

• Garantir que a SEEDUC não tente antecipar o retorno as aulas ainda durante a pandemia, o que levaria profissionais e alunos a situação de risco;

• Que o SEPE busque estabelecer iniciativas comuns com as entidades estudantis para a elaboração de um relatório independente sobre a participação dos alunos na plataforma Google Classroom; proposta de realização de um formulário online voltado para que os alunos da rede estadual relatem como tem sido sua experiência com o Google Classroom;

• Fortalecer a campanha pelo adiamento do ENEM;

• Recorrer à justiça e à ALERJ, com esses dados, para provar a ineficiência do Ensino Remoto;

• Que o Jurídico do SEPE verifique sobre o decreto do governador, que suspendeu as aulas, e, a partir dele, mova uma ação, já que não há nenhum decreto ou legislação que tenha feito o retorno as aulas, mesmo que de forma remota;

• Elaboração de uma campanha do Sepe-RJ pelo não pagamento da Dívida Pública da União e investimento desse dinheiro na saúde e educação públicas.

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