Risco de pegar covid-19 tocando superfície contaminada é de 1 em 10.000, diz estudo do CDC

Segundo especialistas, o perigo maior está no contágio por inalação de partículas aerossóis. Por isso, em ambientes fechados com a presença de várias pessoas é fundamental a utilização de máscaras PFF2.


O uso de desinfetantes é desnecessário para combater o coronavírus SARS-CoV2 na maioria das situações cotidianas, embora vendam feito pão quente. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), agência sanitária ligada ao governo dos Estados Unidos reviu todas as informações científicas relacionadas ao contágio de covid-19 através de superfícies e concluíram que basta limpá-las com sabão ou detergente comum, sobretudo porque o contágio pelo toque em uma superfície contaminada é extremamente raro. O CDC se atreve a estimar uma cifra: menos de um contágio a cada 10.000 vezes que se toca um objeto com coronavírus.

O CDC já havia deixado claro meses atrás que o risco de contaminação por essa via é mínimo, mas agora fez uma análise específica. “Devido aos muitos fatores que afetam a eficiência da transmissão ambiental, o risco relativo de transmissão do SARS-CoV-2 por fômites é considerado baixo em comparação com o contato direto, a transmissão por gotículas ou a transmissão aérea”, afirmam os especialistas do órgão em sua revisão. Fômite é o nome dado a um objeto inanimado capaz de absorver, transportar ou transmitir um agente infeccioso.

Os cientistas continuam considerando que, no caso da covid-19, o mais perigoso é o contato direto com uma pessoa contagiada, que ao falar, tossir etc. gera gotículas de diferentes tamanhos que podem ser inaladas por outra pessoa. O CDC ressalta que as máscaras e a limpeza das mãos também são uma boa estratégia contra o possível contágio por superfícies.

O Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) também informa em seus manuais que esta via de contágio é a menos provável e destaca que, após milhões de casos de covid-19 em todo o mundo, nunca foi registrada uma transmissão através de fômites. O CDC informa ainda que, como acontece com o contágio ao inalar o vírus em suspensão, os ambientes externos também são menos perigosos para a infecção através de superfícies, “devido à diluição e o movimento do ar, assim como as condições ambientais mais difíceis, como a luz solar”.

Todos os organismos e autoridades sanitárias desaconselham a fumigação ou nebulização nos ambientes, e o novo documento do CDC reitera a orientação de que isso não é nem útil nem seguro ― só recomenda o uso de desinfetantes especiais, além do sabão normal, “em situações nas quais houve um caso suspeito ou confirmado de covid-19 em ambientes internos nas 24 horas anteriores”.

Ambientes fechados são perigosos e exigem maior proteção respiratória

Ao mesmo tempo em que novas variantes do coronavírus se espalham e que a vacinação contra a covid ainda está engatinhando, a necessidade das máscaras como uma das formas de reduzir a transmissão é hoje uma certeza. O debate é a respeito do modelo.

As máscaras PFF2 são tidas como uma escolha eficiente para proteger grupos de risco, e ainda quando existe exposição a ameaças maiores, que não podem ser evitadas, como em viagens, ingresso no transporte público ou estar em ambientes fechados com outras pessoas, como ocorre em repartições públicas, escritórios, escolas, etc.
 
A virologista Jordana Alves Coelho dos Reis, do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lista algumas diferenças entre as máscaras similares à N95 e as feitas em pano.

Segundo a especialista, a PFF2 é projetada para conter micropartículas, como as gotículas de saliva, principais responsáveis pela disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), além de microaerossóis (partículas ainda menores que as gotículas, que permanecem suspensas no ar por algumas horas e podem também conter o vírus e transmiti-lo pela respiração).

“As máscaras profissionais são desenhadas para maior proteção. São mais fechadas no nariz, têm uma vedação mais eficiente, principalmente nas extremidades (onde as de pano não vedam tanto), não deixam buracos, além do fato de que os elásticos por trás da cabeça também melhoram a proteção. De forma geral, isolam mais o nariz e a boca do ambiente externo. Tudo isso é comprovado cientificamente em testes de engenharia biomédica”, explica Jordana.

Com informações dos jornais El País e Estado de Minas.

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