Gritamos numa só voz na Região dos Lagos, em todo o Brasil e também internacionalmente: Vidas Negras Importam!


Na terça-feira, 2 de maio, aconteceu em Cabo Frio um importante ato contra o racismo. Cerca de 200 pessoas se manifestaram na Praça Porto Rocha, utilizando máscaras, respeitando o distanciamento e a ausência de contato físico entre as pessoas, sem compartilhar equipamentos de som, etc. Sob o lema “Vidas Negras Importam: Contra a covardia e o fascismo”, os jovens estudantes e trabalhadores que estiveram no ato fizeram intervenções e relatos sobre como o racismo estrutural no Brasil tem vitimado trabalhadores e jovens nos bairros, vilas e favelas do Rio de Janeiro e de todo o país.

Contra o genocídio

A manifestação foi marcada pela denúncia do extermínio contra a população negra. Foram citados exemplos recentes desse genocídio, como o assassinato do menino João Pedro, de 14 anos, que no dia 19 de maio foi baleado dentro de sua própria casa no Morro do Salgueiro, e também a morte de Rodrigo Cerqueira, um jovem de 19 anos que foi baleado no dia 22 de maio por agentes da Polícia Militar enquanto participava de forma voluntária de uma campanha de solidariedade do cursinho pré-vestibular popular “Machado de Assis”, da Providência. No momento do assassinato, Rodrigo distribuía cestas básicas às famílias de estudantes do Colégio Estadual Reverendo Hugh Clarence Tucker.

Contra a impunidade

Os manifestantes também denunciaram a maneira absurda como a justiça e os órgãos de “segurança” pública reiteradamente garantem impunidade aos militares que praticam estes assassinatos, como a recente decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que mandou soltar 9 soldados do exército que em 2019 assassinaram o músico negro Evaldo Rosa dos Santos, alvejado com mais de 80 tiros, e o catador de materiais recicláveis, também negro, Luciano Macedo, que tentou socorrê-lo. Como não podia deixar de ser, também foi lembrado o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Mariele Franco, que fez do seu mandato instrumento de luta da população negra contra o racismo, o machismo, a lgbtfobia e que até hoje espera justiça, assim como tantos outros que já fazem parte do cotidiano

Que a quarentena seja um direito de todos! 

A manifestação criticou a ineficácia das políticas públicas dos governos frente à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A maioria da população pobre e trabalhadora, majoritariamente negra e moradora das periferias, vive em péssimas condições de moradia, saneamento básico, alimentação e dificuldade de acesso a produtos de higiene. Essas condições a torna o setor mais vulnerável dessa pandemia. As tímidas iniciativas de socorro social do Governo Bolsonaro, como o auxílio emergencial de 600 reais, estão longe de garantir condições mínimas para que estas famílias consigam atravessar essa pandemia com chances de se prevenir efetivamente do contágio pelo Covid-19 e com a garantia de sua segurança alimentar. Com 600 reais nenhuma família consegue pagar aluguel, se alimentar, pagar tarifas públicas de água e energia elétrica, ter acesso a gás de cozinha, etc. Resumindo: com fome e miséria, não há quarentena que seja possível.

Solidariedade internacional e antifascismo


Claramente o ato foi inspirado pelo enorme levante do movimento negro estadunidense que, após a divulgação do chocante assassinato do trabalhador negro George Floyd, de 47 anos, por um policial da cidade de Minneapolis, no estado de Minnesota, passou a protagonizar gigantescas manifestações em praticamente todas capitais dos EUA, inclusive com protestos massivos em Washington, em frente à Casa Branca, onde jovens e trabalhadores negros e brancos, unidos, tem exigido o fim dos extermínios contra a população negra e a derrubada do governo de ultradireita e fascistizante de Donald Trump.

A exemplo das importantes ações dos grupos antifascistas e das torcidas organizadas de futebol, que em várias capitais do Brasil estão organizando grandes manifestações contra o fascismo e as intenções ditatoriais da alta cúpula do Governo Bolsonaro e dos grupelhos de ultradireita que o apoiam, os manifestantes em Cabo Frio promoveram um ato que incluía em sua pauta a defesa das liberdades democráticas.

O Sepe Lagos esteve presente na manifestação representado pelo professor Augusto Rosa, que fez uma fala saudando a iniciativa do ato e defendendo a máxima unidade dos trabalhadores e de todas as minorias oprimidas, como o povo negro, a população LGBT, as mulheres, os indígenas, etc., para lutar contra toda forma de opressão e exploração. A direção colegiada do sindicato considera importante que todos os profissionais da educação que não estejam no grupo de risco da pandemia, quando possível, sejam solidários e, apoiem de maneira ativa manifestações como essa, seguindo as recomendações preventivas de higiene, uso de máscaras, distanciamento entre as pessoas, etc.

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